terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Meu Pai, o Piauí e o Futebol

Sou a caçula de três filhas, apesar de meu pai ter desejado muito um menino.
Aí, já viu, menina fazendo coisas de menino e tentando de tudo para agradar e conquistar a atenção do pai.

Assim descobri o Futebol. Seu Tonho, como era chamado, tinha um time que queria ser alguma coisa, mas não posso dizer que era um time profissional.
O nome: Panificadora São Pedro (a padaria do Seu Tonho). Além desse, existia também o time amador no qual meu pai jogava, hoje sei, por ser o dono da bola. Apesar de apaixonado por futebol, Seu Tonho não era craque, mas um dos apelidos, engraçado... era "Casagrande".


Aos fins de semana, quando o time amador se reunia para tomar cerveja com a desculpa de jogar bola, tinha a grande chance de acompanhar meu pai. Chegando lá, no campo de terra batida, aguardava as instruções de treinamento. Correr duas voltas completas no campo! Agora, levantando os joelhos! Tocando a bola! Enquanto isso, os amadores já estavam em duas ou mais rodadas de cerveja. Após toda essa brincadeira, chegava a hora de assistir à partida. É interessante lembrar de como os amigos deixavam o Seu Tonho fazer gol. Todos jogavam para ele.

Certa vez, o time "profissional" da Panificadora jogou no Albertão (estádio de Teresina). Um orgulho para meu pai. Não consigo lembrar se o lugar estava cheio ou mesmo se o jogo foi bom... só lembro de olhar para a lateral do campo e ver o Seu Tonho agindo e reagindo como todo dono de time faz. Perdemos por 1 x 0, mas a alegria era tanta que ele bancou a comemoração do vitorioso adversário.

Vascaíno doente, meu pai tinha vários quadros do Vasco na parede. Não existia a possibilidade de eu, criança, torçer para outro clube. Todos aqueles jogadores tão imponentes com seus títulos conquistados... Naquela época, imaginava que o Vasco era o campeão de tudo. Pena que as coisas não são como na infância. Não acompanho os jogos como antigamente. Prometi, há muito tempo, que só voltaria a torçer pelo Vasco após a morte de determinado dirigente. Promessa sem jeito. Meu pai já faleceu e o tal dirigente continua por aí. Ao menos o dito cujo não está mais na presidência do clube.

Hoje, começando 2011, longe do Piauí...
O antigo campo de terra batida, lá em Teresina, virou um Complexo Esportivo para a comunidade. O Seu Tonho tem seu nome lá, gravado em uma placa.
Acho que ele nunca imaginou homenagem tão simples mas tão grandiosa.
Minha infância está lá, gravada, como o nome na placa.
Meu Pai, o Piauí e o Futebol fazem parte da minha vida.
Obrigada, Antonio Rodrigues da Costa.

Detalhe: Pai, falhei em 50% da minha missão.
Te dei um neto, o garotão que o senhor sempre quis.
Mas, pai... ele é flamenguista.

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